sábado, 14 de fevereiro de 2009

Amor é fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer

É um não querer mais que bem querer
É solitário andar por entre a gente
É nunca contentar-se de contente
É cuidar que se ganha em se perder

É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence, o vencedor
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luís de Camões

1 comentário:

Anónimo disse...

Sonetro célebre de Camões sobre o amor.
O poeta procura definir o amor usando as antíteses, a anáfora da forma verbal "é" e as metáforas que reforçam a indefinição do sentimento amoroso.

A primeira parte do poema tenta fazer uma definição de amor com 11 versos. Na segunda parte (último terceto) o poeta põe em causa as definições iniciais, interrogando-se como pode o amor ser um sentimento contraditório.